Você acorda devagar. Sente-se lenta e com frio, confusa. Água pinga em algum lugar. Você olha para suas maõs e não as vê. Olha ao redor. Então, percebe que está cega. Você grita. E grita...e grita...
* Pode ser que você [[examine a si mesma->autoexame]] para tentar entender melhor sua situação.
* Algum tempo depois, após se recuperar um pouco do choque, talvez você se levante e comece a tentar, [[com as mãos->tateando]], descobrir informações que seus olhos não mais percebem.
* Talvez fique imóvel após o grito, [[ouvindo na escuridão]], pois um pensamento passa como uma lâmina por sua mente: deve haver alguém aqui...
Você começa a deslizar as mãos pela parede tentando moldar uma forma. Lasca uma unha, chinga, mas não desiste. "Informação é tudo" - recita em silêncio, mas quase ri da inconsistência.
Em dado momento você pára de correr as mãos pela parede de tijolos molhados, velhos, até um pouco pastosos. Você está em um retângulo. A única saída é um painel de aço, que pode também ser uma porta, mas não há maçaneta.
Além disso, o piso não é homogêneo. Na lateral mais distante da porta, aproximadamente um terço do piso é de metal. Talvez do mesmo metal que o painel.
Se você ainda não pensou nisso, talvez você pense em [[examinar a si mesma->autoexame]] e ver se não está ferida de alguma maneira.
Talvez lhe ocorra que, após seus gritos, [[alguém pode vir verificar o que está acontecendo->ouvindo na escuridão]]. (if: $autoexame is true)
[Você se enerva. Você já não verificou e não achou nenhum ferimento em si mesma? Mas seus olhos... E alguém naquela festa deve ter te drogado e arrastado para cá. "Calma, calma!" você repete para si mesma]
(else:)
[Para seu alívio você está vestida e não tem ferimentos. A roupa parece ser a mesma que usou na festa. A festa! - a lembrança parece preencher o momento com luzes, formas, pessoas e sons por um momento.
Mas a memória se desvanece em algum ponto. Havia um homem? Uma mulher com um riso nervoso e trinado?
Você bebeu. Uma mão grande e cheia de veias lhe estendeu o copo durante a festa. A partir daí tudo fica nebuloso.
(set: $autoexame to true)]
Você pensa que, talvez, [[tocando nas paredes->tateando]] você tenha uma ideia melhor das dimensões de onde está.
E quem estará por trás disso? [[Haverá alguém lá fora->ouvindo na escuridão]]?Você para e ouve, de um modo como nunca fez antes: como uma cega. Começa a chorar em silêncio. Então toca seus olhos. Estariam as órbitas ainda em seus lugares? Então se surpreendeu: não havia dor ou alterações de qualquer tipo. A esperança de que ainda funcionassem, de que não via devido a estar em local totalmente vedado inunda você.
Logo esses pensamentos são interrompidos por vozes. Duas vozes. Um homem e uma mulher. De algum modo ouvir a voz de uma mulher lhe faz ter esperança. Mas quando os dois se aproximam, ainda conversando em tom de camaradagem, você pode compreender o que dizem:
* Mulher: - Vocês foram no Bar e nem falaram nada!
* Homem: - Foi de repente, ninguém tinha combinado!
* Mulher: - Próxima vez me liga né?
Após uma pausa:
* Mulher: - É a vez dessa aí?
* Homem: - Anda não, essa é carne fresca. Viemos buscar a outra.
Os dois se afastam, as vozes viram sussurros, depois somem.
Sua experança rui. Você é "carne fresca". E carne é feita para ser consumida, de um jeito ou de outro. Isso não é bom. Não, não, não é bom..nada...nada bom...meu deus...
Se ainda não lhe ocorreu você pode pensar: [[o que essas pessoas fizeram comigo quando desmaiei->autoexame]]? E o que é este [[lugar->tateando]]?
E então, [[seus olhos começam a se regenerar->a lua]].
Tudo começa em uma festa.
Começa com uma explosão de luzes. E então... [[Breu]].
(set: $autoexame to false)Lentamente sua carne queima.
Essa sensação não é nova.
Se já se passou mais de um dia, então já é plenilúneo.
Seu corpo sabe.
Você ri da sua maldição. Carga pesada sobre seus ombros.
Você tem uma vida solitária para proteger seu segredo.
Você se tranca dentro de uma jaula feita de uma liga especial de metal presente em foguetes.
Mas aqui está você.
A dor de tendões e ossos. Tudo que é você queimando e dando lugar à outra coisa. Houve momentos, um tempo anterior, quando a inocência ainda existia, mas [[isso acabou->o fim da inocência]].
Os olhos voltam. Tudo se acende. A outra coisa ri.
No fundo ela sabe que desta vez não há metais de foguetes.
Sua mão, deformada, crisálida da garra, raspa a parede e cria sulcos.
A coisa ri. Uma jaula de papel. Gargalhadas de uma garganta confusa, quase metálica.
Tantas vezes você se amaldiçoou. Hoje você ri com ela.
Hoje a coisa vai salvar você.
Mas ninguém mais será salvo.[[voltar->a lua]]